05/11/2025
A 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo ocorreu entre os dias 16 e 30 de outubro. Durante duas semanas, a 49ª edição do evento exibiu 374 títulos de 80 países. A seleção fez um apanhado do que o cinema contemporâneo mundial tem produzido, além de apresentar novas tendências, temáticas, narrativas e estéticas, e homenagear cineastas e produções fundamentais da cinematografia mundial.
A arte do pôster desta edição foi assinada pelo escritor português Valter Hugo Mãe, autor de títulos célebres da literatura contemporânea como “A Máquina de Fazer Espanhóis”, “O Filho de Mil Homens”, “A Desumanização” e “Homens Imprudentemente Poéticos”.
O autor foi celebrado na programação da 49ª Mostra com a exibição de filmes sobre sua obra: “De Lugar Nenhum”, realizado por Miguel Gonçalves Mendes, documentário que faz um retrato de Valter Hugo Mãe durante os processos criativo e de escrita do livro “A Desumanização"; e “O Filho de Mil Homens”, dirigido de Daniel Rezende e protagonizado por Rodrigo Santoro, longa que é uma adaptação do romance homônimo do português lançado em 2011.
A 49ª Mostra participou da abertura do Ano Cultural Brasil–Reino Unido 2025-26, com exibição gratuita do clássico do cinema mudo "O Inquilino" ("The Lodger", 1927), de Alfred Hitchcock, na Sala São Paulo, em 5 de outubro.
Na programação da 49ª Mostra, os filmes britânicos também tiveram um lugar de destaque no Ano Cultural Brasil–Reino Unido com a exibição de 25 filmes dentro de um panorama multifacetado de produções e coproduções contemporâneas.
A cerimônia de abertura da 49ª Mostra Internacional de Cinema aconteceu no dia 15 de outubro, na Sala São Paulo. O longa-metragem "Sirât", de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri no Festival de Cannes, abriu a 49ª edição da Mostra juntamente com o curta-metragem "Como Fotografar um Fantasma", do diretor e roteirista Charlie Kaufman, cineasta homenageado com o Prêmio Leon Cakoff.
Ainda na cerimônia, a cineasta martinicana Euzhan Palcy recebeu o Prêmio Humanidade. Figura pioneira na história do cinema, Palcy foi responsável por abrir caminhos para mulheres negras em espaços antes inacessíveis. Ela esteve presente na Mostra, participou de uma conversa com o público e teve três de seus filmes exibidos na programação, incluindo o clássico “Rua Cases Nègres” (1983).
O quadrinista brasileiro Mauricio de Sousa também foi homenageado na abertura do evento, com o Prêmio Leon Cakoff. No ano em que completou 90 anos, ele teve sua cinebiografia exibida na programação do evento.
Mauricio de Sousa também assinou o pôster da 2ª edição da Mostrinha. Programa dedicado à infância e que visa aproximar as crianças do cinema para a formação de uma nova geração de espectadores, a 2ª Mostrinha exibiu 14 longas e sete curtas.
A abertura da 2ª Mostrinha aconteceu na Sala São Paulo no dia 16 de outubro, com a exibição da produção brasileira "O Diário de Pilar na Amazônia", de Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put, que faz sua estreia mundial na Mostra.
Pelo terceiro ano, a Mostra contou com uma programação especial na área externa da Cinemateca Brasileira. A Sala Petrobras na Mostra abrigou exibições e sessões especiais, masterclasses, conversas com o público e parte da programação da 2ª Mostrinha.
Pela primeira vez, o Cultura Artística, espaço cultural histórico da cidade de São Paulo, recebeu sessões da Mostra. Reaberto em 2024, o local teve um estrutura montada especialmente para a 49ª edição do evento e recebeu entre os dias 27 de outubro e 1º de novembro sessões da programação do festival.
Um dos nomes centrais da chamada Black Wave (Onda Negra), movimento do cinema iugoslavo dos anos 1960 e 1970, o diretor sérvio Želimir Žilnik teve na 49ª Mostra sua filmografia revisitada com três das suas obras fundamentais: “Primeiros Trabalhos” (1969), “Marble Ass” (1995), e o recentíssimo “Depois dos Oitenta”.
A Brada (Coletivo de Diretoras de Arte do Brasil) esteve presente novamente na Mostra destacando o trabalho criativo, visual e sensorial realizado pela equipe de direção de arte. Neste ano, o coletivo realizou a masterclass “Direção de Arte, uma Linguagem”, com Daniela Thomas e Vera Hamburger, e o debate “O Filho de Mil Homens: Direção de Arte, Fotografia e Direção em Diálogo na Construção da Visualidade” com o diretor Daniel Rezende, a diretora de arte Taisa Malouf e o diretor de fotografia Azul Serra.
Juma Xipaia, liderança indígena da Amazônia brasileira teve sua história narrada em “Yanuni”, documentário dirigido pelo austríaco Richard Ladkani. Após a sessão do filme, no dia 17 de outubro, o diretor Richard Ladkani, Juma Xipaia e o agente federal do Ibama Hugo Loss – retratados no filme – participaram de um bate-papo com o público.
A 49ª Mostra deu continuidade ao seu olhar sobre a memória e a preservação do cinema, e em meio a centenas de filmes contemporâneos, também apresentou a oportunidade para ver obras restauradas, títulos raros, novas cópias de clássicos e filmes a serem redescobertos. Depois de estrear no último Festival de Veneza, a reconstrução de "Queen Kelly" (1929) chegou à 49ª Mostra, e o arquivista Dennis Doros, responsável pela reconstituição, participou de uma mesa sobre o processo do restauro após a exibição da obra, na Sala Grande Otelo da Cinemateca Brasileira, no dia 19 de outubro.
Há oitenta anos, o mundo testemunhou um dos episódios mais sombrios da história da humanidade. Em agosto de 1945, as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki foram devastadas por bombas atômicas lançadas pelos EUA. Em memória a este evento trágico, a 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo apresentou os filmes “Chuva Negra” (1989) e “Alma Errante - Hibakusha” (2025).
Mostra realizou mais uma edição do ciclo de depoimentos Filmes da Minha Vida, dessa vez com o diretor Akinola Davies Jr., que esteve presente na programação com “A Sombra do Meu Pai”. A conversa com o público aconteceu no dia 23, no Anexo do Espaço Petrobras de Cinema, e Akinola falou sobre os filmes que mais influenciaram sua vida e a sua relação com o cinema.
Pelo quinto ano consecutivo, a Mostra promoveu o Encontro de Ideias Audiovisuais, um grande evento do mercado audiovisual para a discussão de ideias e formulação de novos projetos. O evento ocorreu entre os dias 22 e 25 de outubro, na Cinemateca Brasileira, e foi estruturado em três pilares: Mercado, Fórum e Da Palavra à Imagem.
Foram quatro dias de programação com mesas, debates, painéis, encontros, lançamentos de livros, mentorias e reuniões one-to-one. Os cerca de 75 eventos contaram com a participação de mais de 120 convidados, entre agentes nacionais e internacionais do mercado audiovisual, além de produtores e diretores do Brasil e do mundo, convidados da Mostra.
A abertura, no dia 22, teve a presença de Charlie Kaufman em uma conversa na Cinemateca Brasileira. O encerramento, no dia 25, contou com uma masterclass do escritor português Valter Hugo Mãe.
Confira como foram as mesas e debates do V Encontro de Ideias Audiovisuais
A Mostra acompanha o cinema de Jafar Panahi desde 1995, ano em que a 19ª edição exibiu e premiou seu primeiro longa, “O Balão Branco”. Dali em diante, cada novo trabalho do cineasta iraniano não faltou ao encontro anual com o público brasileiro. Nesta 49ª edição, a Mostra concedeu ao diretor o Prêmio Humanidade, além de apresentar seu mais recente trabalho, o longa “Foi Apenas um Acidente”, vencedor da Palma de Ouro em Cannes.
A 49ª Mostra recebeu o cineasta iraniano Jafar Panahi em São Paulo, especialmente para apresentar ao público do evento o seu novo filme. O diretor esteve presente nas três exibições do longa-metragem, nos dias 27, 28 e 29 de outubro. Na sessão do dia 27, na Sala Petrobras na Mostra, na Cinemateca Brasileira, Panahi participou de uma conversa com a diretora do festival, Renata de Almeida. Na sessão, o cineasta foi homenageado com o Prêmio Humanidade.
A 49ª Mostra também recebeu o cineasta suíço Fabrice Aragno, colaborador próximo de Jean-Luc Godard, para uma conversa com o público após a sessão dos filmes “O Lago” e “Atelier Rolle, uma Jornada”, no dia 27 de outubro.
O novo filme de Jean-Pierre e Luc Dardenne, "Jovens Mães", foi apresentado na programação do evento, e a 49ª Mostra ofereceu aos realizadores belgas o Prêmio Humanidade pelo empenho em expor o que a sociedade muitas vezes tenta deixar de lado, mas acima de tudo, por um cinema que se interessa pelas pessoas e seus gestos que resistem.
O mais recente trabalho de Kleber Mendonça Filho, “O Agente Secreto” — o filme mais premiado do Festival de Cannes em 2025 — fez parte da programação da 49ª Mostra e contou com exibições especiais com a presença do diretor, de membros da equipe e do elenco: no dia 28, no Cultura Artística, também com a presença de Wagner Moura; e no dia 29, no Espaço Petrobras de Cinema.
No dia 30 de outubro, aconteceu a cerimônia de encerramento da Mostra, onde foram revelados os filmes premiados pela crítica, público e pelo Júri, que neste ano teve entre seus integrantes o produtor sul-africano Atilla Salih Yücer, o produtor brasileiro Daniel Dreifuss, a cineasta caboverdiana Denise Fernandes, a realizadora colombiana Laura Mora e o crítico-chefe da revista Variety, o norte-americano Peter Debruge. Confira a lista dos premiados da 49ª Mostra.
A cerimônia de premiação ocorreu na Sala Petrobras na Mostra, na Cinemateca Brasileira, e teve como filme de encerramento o mais recente trabalho de Noah Baumbach, “Jay Kelly”.