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Editorial | 49ª Mostra

Em Busca de Pérolas

O escritor e artista plástico Valter Hugo Mãe nos presenteou com a imagem que irá marcar a 49ª Mostra. As linhas sinuosas despertam a nossa imaginação e nos surpreendem com bolas de luz. O convite para o pôster foi feito depois de vermos “De Lugar Nenhum”, de Miguel Gonçalves Mendes, e considerando a também estreia mundial de “O Filho de Mil Homens”, de Daniel Rezende, uma linda coincidência que ressalta a relação afetiva que o multiartista tem com o Brasil e o Brasil com ele. Então vamos às pérolas que esperamos revelar nessa 49ª edição.

A Mostra deu início ao Ano Cultural Brasil/Reino Unido com a exibição do clássico “O Inquilino” (“The Lodger”, 1927), obra-prima de Alfred Hitchcock que teve o acompanhamento da Orquestra Brasil Jazz Sinfônica. E durante a programação da 49ª Mostra apresentamos 25 produções e coproduções britânicas, revelando a diversidade de sua cinematografia. O Ano Cultural Brasil/Reino Unido também está presente no nosso Encontro de Ideias Audiovisuais, com várias ações, e com as missões conjuntas na Mostra e no Festival de Londres. Esperamos que sejam sementes para muitas coproduções entre os dois países.

A cineasta martinicana Euzhan Palcy recebe o Prêmio Humanidade e apresenta os filmes “Rua Cases Nègres” (1983) — Leão de Prata no Festival de Veneza, entre vários outros prêmios —, “Assassinato Sob Custódia” (1989) e “Siméon” (1992). Na sua trajetória, denunciou o passado escravocata, o colonialismo e o Apartheid. Mas também mostrou o orgulho da cultura não hegemônica e a sua beleza. Palcy foi a primeira mulher negra a ter um filme produzido por um grande estúdio de Hollywood e recebeu o Oscar Honorário em 2022.

Em 1995, o cineasta iraniano Jafar Panahi recebeu da Mostra o prêmio Bandeira Paulista da Competição Novos Diretores com o filme “O Balão Branco” e, em 2018, enquanto estava proibido de sair do Irã, foi homenageado com o prêmio Leon Cakoff. Panahi volta a São Paulo para apresentar pessoalmente “Foi Apenas Um Acidente” — vencedor da Palma de Ouro em Cannes —, e nós teremos a alegria de entregar o Prêmio Humanidade em suas mãos.

Também homenagearemos com o Prêmio Humanidade os cineastas Jean-Pierre e Luc Dardenne pela sua obra engajada e ética sobre questões sociais urgentes. Os irmãos Dardenne apresentam o seu mais recente filme, “Jovens Mães”, na edição deste ano.

O inovador roteirista e diretor norte-americano Charlie Kaufman será homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. Seu curta “Como Fotografar um Fantasma” fará parte da nossa sessão de abertura, e ele ainda participa da masterclass que inaugura o V Encontro de Ideias.

Mauricio de Sousa também é homenageado com o Prêmio Leon Cakoff. O genial quadrinista, que vive no nosso imaginário por meio de seus personagens que atravessam gerações, já nos brindou com o cartaz da 35ª Mostra e nesse ano nos oferece o pôster da 2a Mostrinha.

Como parte da homenagem, apresentaremos a cinebiografia “Mauricio de Sousa - O Filme” na 49ª Mostra, e três filmes baseados em seus personagens serão programados na 2ª Mostrinha. A nossa seção infantojuvenil abre com o filme “O Diário de Pilar na Amazônia” e amplia o seu alcance, chegando a 26 CEUs!

Com filmes que continuam modernos e inventivos em meio aos complexos rumos do século 21, o cineasta Želimir Žilnik exibe três títulos que ajudam a contar parte da história recente do leste europeu: “Primeiros Trabalhos” (1969), “Marble Ass” (1995) e seu mais recente trabalho, “Depois dos Oitenta”.

Como todos os anos, a Mostra apresenta uma forte seleção de filmes restaurados, começando com o mítico “Queen Kelly” (1929), dirigido por Erich von Stroheim e protagonizado por Gloria Swanson, que volta à Mostra com um novo restauro.

A efeméride dos 80 anos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki será lembrada com a exibição do clássico restaurado “Chuva Negra” (1989), de Shohei Imamura, e do curta “Alma Errante - Hibakusha”, de Joel Yamaji, sobre Takashi Morita, sobrevivente de Hiroshima que se tornou um ativista pela paz.

A 49a Mostra apresenta um grande panorama do cinema mundial com muitos nomes consagrados como Yorgos Lanthimos, Ildikó Enyedi, Alex Cox, Christian Petzold, Radu Jude, Park Chan-wook, Tsai Ming- liang, Gianfranco Rosi, Guillermo del Toro, Noah Baumbach, Richard Linklater, entre muitos outros. Entre os destaques estão filmes exibidos e premiados no circuito de festivais, como “Pai Mãe Irmã Irmão”, de Jim Jarmusch (Leão de Ouro no Festival de Veneza), “O Som da Queda”, de Mascha Schilinski (Prêmio do Júri em Cannes), além dos vencedores dos festivais de Roterdã e Locarno. Mas também exibe muitas descobertas e novos realizadores que fazem parte da Competição Novos Diretores.

Um dos significados de “Sirât”, filme de abertura da 49ª Mostra, é: ponte estreita que atravessa o abismo do inferno e leva ao paraíso. E se muitas vezes a atualidade nos faz sentir numa distopia, o cinema pode também nos mostrar alguns dos motivos, apontar caminhos e saídas. Enfim, pode nos ajudar a caminhar sobre as pontes.

Por tudo isso agradeço à equipe da Mostra e aos nossos apoiadores, parceiros e patrocinadores pelo caminho até aqui.

Esperamos que a 49ª Mostra revele muitas pérolas e que possamos navegar juntos por mares tranquilos e ter força e sabedoria em meio a tempestades.

Uma ótima Mostra a todos!

Renata de Almeida