16/10/2025
Foto: "Queen Kelly", de Erich Von Stroheim
A 49ª Mostra deu continuidade ao seu olhar sobre a memória e a preservação do cinema, e em meio a centenas de filmes contemporâneos, também apresentou a oportunidade para ver obras restauradas, títulos raros, novas cópias de clássicos e filmes a serem redescobertos.
Depois de estrear no último Festival de Veneza, a reconstrução de "Queen Kelly" (1929) chegou à 49ª Mostra como programa obrigatório. O arquivista Dennis Doros, responsável pela reconstituição, participou de uma mesa sobre o processo do restauro após a exibição da obra, na Sala Grande Otelo da Cinemateca Brasileira, no dia 19 de outubro.
Filme mítico e com diferentes versões depois de uma conturbada produção, o título dirigido por Erich Von Stroheim e estrelado por Gloria Swanson, sofreu com os cortes do estúdio e a intervenção da própria Swanson, em um momento de transição para o cinema falado, transformando a obra em um fragmento que entraria para a história de Hollywood.
O arquivista Dennis Doros ressalta que o resultado dessa versão de “Queen Kelly” é uma "reimaginação" da concepção original de Stroheim. A reconstrução se baseia na descoberta de materiais, da recuperação de originais em nitrato e de ferramentas digitais utilizadas em restaurações.
Além dele, o evento exibiu uma cópia maior do indiano “Sholay” (1975), de Ramesh Sippy, que completa 50 anos desde a estreia, o português “Aniki-Bóbó” (1942), de Manoel de Oliveira, e o argelino “Crônica dos Anos de Fogo” (1975), de Mohammed Lakhdar-Hamina, que faleceu em maio de 2025 — pelo filme que estreou há cinco décadas, ele foi o primeiro cineasta árabe-africano a receber a Palma de Ouro no Festival de Cannes.
"Chuva Negra" (1989), de Shohei Imamura, filme que fez parte da éfemeride dos 80 anos das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, também foi exibido em uma nova cópia.
“Cinema, Aspirinas e Urubus” (2005), de Marcelo Gomes, que comemorou os 21 anos da primeira exibição do filme na Mostra, onde recebeu os prêmios do júri, de melhor ator, para João Miguel, e do prêmio da crítica de melhor filme brasileiro, teve a sua versão restaurada exibida.
O cinema brasileiro também esteve representado com as restaurações de “Lua Cambará – Nas Escadarias do Palácio” (2002), de Rosemberg Cariry, “Tônica Dominante” (2001), de Lina Chamie, "Um Céu de Estrelas” (1995), de Tata Amaral, que completa três décadas,
Além disso, a nova cópia digital de “Garota de Ipanema” (1967), de Leon Hirszman, confeccionada pelo Laboratório de Imagem e Som da Cinemateca Brasileira, também fez parte da programação.