13/10/2025
Figura pioneira na história do cinema, a martinicana Euzhan Palcy foi responsável por abrir caminhos para mulheres negras em espaços antes inacessíveis. A 49ª Mostra tem a honra de dedicar à cineasta o Prêmio Humanidade, por seu papel fundamental na construção de um discurso contra-hegemônico e inspirador para tantas e tantos cineastas. Palcy estará presente na Mostra, e receberá o prêmio na cerimônia de abertura, na quarta (15).
Além disso, a realizadora conversará com o público no sábado, dia 18, quando seus três trabalhos que integram a programação serão exibidos em sequência no CineSesc. A conversa acontece após o filme "Assassinato sob Custódia", que será exibido às 17h15.
Seu percurso começou cedo: aos 17 anos, produziu e dirigiu um média-metragem para a TV sobre a vida nas plantações de banana. Em seguida, veio o curta “A Oficina do Diabo” (1982), no qual articulou a forma e o tema que ganharam terreno em seu primeiro longa, “Rua Cases Nègres”.
Foi com este filme que Palcy irrompeu na cena mundial em 1983. Aos 26 anos, foi consagrada no Festival de Veneza com o Leão de Prata — um marco por ser a primeira vez que o prêmio foi concedido a uma mulher e pessoa negra na direção.
Quatro décadas depois, “Rua Cases Nègres” segue impactando como na primeira vez. Sua exibição nesta 49ª Mostra, ao lado dos longas "Assassinato sob Custódia" (1989) e "Siméon" (1992), convidam o público a redescobrir uma obra que se tornou ainda mais atual.
Inspirado no livro de Joseph Zobel, “Rua Cases Nègres” traz a história de José. Em 1930, em uma plantação de cana-de-açúcar na Martinica, o menino de 11 anos é criado por sua avó, uma mulher resiliente que está decidida a poupá-lo da vida dura que ela própria enfrentou. Quando José ganha uma bolsa de estudos, ela se vê disposta a todo o tipo de sacrifício para que o neto tenha acesso à educação e possa escapar do trabalho no campo.
Já "Assassinato sob Custódia", primeira produção de estúdio hollywoodiano dirigida por uma mulher negra, é inspirado na obra de André Brink. Na trama, Ben du Toit é um professor branco que sempre viveu protegido dos horrores do apartheid na África do Sul. Essa distância começa a se desfazer quando um episódio próximo de sua realidade expõe a arbitrariedade e a violência do regime do qual ele há muito se beneficia: a prisão e o espancamento sofrido pelo filho de seu jardineiro negro em um protesto em Soweto.
Em “Siméon”, Palcy realiza um retorno às origens. Em uma pequena vila das Índias Ocidentais, vivem Siméon, um professor de música, e Isidore, seu discípulo mais talentoso, mecânico por necessidade e guitarrista por vocação. Juntos, compartilham um sonho aparentemente impossível: colocar sua ilha no mapa mundial da música com o zouk, ritmo típico da Martinica. Orélie, filha de dez anos de Isidore, ajuda o pai nessa jornada, ao trazer Simeón de volta à vida, depois que o professor, um admirador inveterado de rum, cai de sua casa na árvore ao tentar se aproximar da lua cheia.
Leia mais sobre o Prêmio Humanidade para Euzhan Palcy
Conversa com Euzhan Palcy
Sábado, 18 de outubro
A conversa acontece após o filme "Assassinato sob Custódia", que será exibido às 17h15.
A participação na conversa está vinculada ao ingresso do filme.
CineSesc (R. Augusta, 2075 - Cerqueira César)