13/10/2025
Reforçando seu papel na linha de frente de perspectivas contemporâneas do audiovisual, a 49ª Mostra convida o público a pensar o cinema — e o próprio ato de criar — à luz dos dilemas e questões trazidos pelo uso da Inteligência Artificial.
Na seleção da 49ª Mostra, há cinco longas-metragens que levam a IA como tema e ferramenta para a tela. Dentre eles, há desde obras feitas a partir de imagens produzidas por ela até aquelas que tematizam a criatividade artificial e a ideologia do Vale do Silício.
Em “Memória da Princesa Mumbi”, dirigida por Damien Hauser, em 2093, o cineasta Kuve viaja até Umata para documentar as marcas deixadas por uma guerra que trouxe de volta antigos reinos. Lá, conhece Mumbi, que o desafia a realizar seu filme sem recorrer à inteligência artificial.
Já em “Diversidade Primitiva”, do ícone do Novo Cinema Alemão Alexander Kluge, a inteligência artificial generativa funciona como uma experiência criativa: dos gestuais do cinema mudo a cenas de embates de elefantes, a história cultural do século 20 é contada por meio de imagens espalhafatosas.
Questionando o que acontece quando um jovem e curioso cineasta desafia a sua criatividade com as possibilidades ilimitadas de uma falsa IA, “Dracula”, de Radu Jude, apresenta uma mistura surpreendente de várias histórias, do passado e do presente, sobre o mito original de Drácula.
Já “Futuro Futuro”, longa nacional de Davi Pretto, se passa em um futuro próximo, onde os avanços em inteligência artificial coexistem com o surgimento de uma nova síndrome neurológica.
Por fim, “Dalloway”, de Yann Gozlan, traz a história de uma escritora com bloqueio criativo que participa de uma residência artística que explora o que há de mais inovador na tecnologia. Lá, ela encontra apoio em Dalloway, sua assistente virtual, que a ajuda a escrever. Mas com o tempo, a autora começa a se incomodar com a presença cada vez mais invasiva da IA.
As possibilidades e as implicações dessa tecnologia aparecem também em mesas do Encontro de Ideias Audiovisuais, que aborda o tema em dois momentos de sua programação.
Na quinta (23), a Sala Oscarito, na Cinemateca Brasileira, recebe a mesa “Inteligência Artificial na Educação e no Trabalho”. No encontro, apresentado pela produtora Coração da Selva, as convidadas Débora Ivanov, Janaína Augustin e Geórgia Costa Araújo debatem tendências de aplicação da IA na estruturação do conhecimento — seja de ordem pessoal ou profissional. O painel é uma parceria do CineHub com o Instituto +Mulheres.
No mesmo local, o Fórum da Mostra aborda a temática sobre outro prisma em “Presente e Futuro: os paradoxos da Inteligência Artificial tomam a tela”, painel que será realizado no sábado (25). A mesa se propõe a ir além do fascínio tecnológico, olhando para questões como autoria, criação e relações de trabalho.