Documentário ensaístico que investiga como os filmes nascem de outros filmes e se tornam questão de vida ou morte para cineastas. “O Estado das Coisas” (1982), de Wim Wenders, obra icônica da cinefilia, serve como ponto de partida para uma teia internacional de filmes interconectados e abre espaço para uma reflexão sobre a suposta “morte do cinema” após o “fim da história” pós-moderno. Ao mesmo tempo, ressoa de forma fascinante com a morte real de Glauber Rocha, líder do Cinema Novo, após o fracasso crítico de seu último filme, tragédia prevista pelo próprio Glauber quando, em Sintra, encontra Patrick Bauchau, protagonista de “O Estado das Coisas”, e declara: “Sintra é um belo lugar para morrer”. Explorando o leitmotiv das mortes cinematográficas e reais, percorre a experiência conturbada de Wenders com Coppola e Hammett; sua “apropriação” do elenco e da equipe de “O Território” (1981), de Raúl Ruiz; a relação de Laura Mulvey com Bauchau, que a introduziu à cinefilia e aparece em alguns de seus filmes; e a forte conexão de Wenders com Walter Salles através de Portugal e dos cruzamentos entre suas obras. Ao costurar essas histórias, o documentário coloca em diálogo uma coleção de momentos cinematográficos deslumbrantes da Europa, de Hollywood e do Brasil, evidenciando como obras de diferentes tempos e geografias se alimentam e se entrelaçam em um contínuo sem fronteiras. Entrevistas exclusivas com os cineastas Wim Wenders e Walter Salles, a crítica e diretora Laura Mulvey e o produtor português Paulo Branco revelam os riscos e as paixões que marcam a história e as narrativas desses filmes.