
Želimir Žilnik é um dos cineastas mais subversivos e historicamente relevantes da Sérvia, com uma filmografia de mais de 50 títulos que se estende por sete décadas. Nascido em um campo de concentração em 1942 e criado na Iugoslávia de Tito, sua obra atua como um sismógrafo da história e das tensões sociais do Leste Europeu. Desde o início de sua carreira, nos anos 1960, Žilnik estabeleceu um estilo anárquico e disruptivo que borra as fronteiras entre documentário e ficção. Seu longa-metragem de estreia, “Primeiros Trabalhos” (1969), que ironizava os ideais socialistas e o mapa político iugoslavo, foi imediatamente reconhecido com o Urso de Ouro no Festival de Berlim. Ao longo das décadas, o diretor continuou a confrontar questões urgentes. Em plena Guerra da Bósnia, ele realizou o "punk" e inclassificável “Marble Ass” (1995), um retrato clandestino de duas personagens queer em Belgrado que promovem uma resistência pacifista, trabalho que lhe rendeu o Teddy Bear na Berlinale. Žilnik permanece incansável e moderno, como demonstra seu trabalho mais recente, “Depois dos Oitenta” (2025), também exibido em Berlim, que aborda as experiências de exclusão e as memórias da velhice. A 49ª Mostra Internacional de Cinema apresenta esses três títulos cruciais de sua obra.
C. D. F.
MOSTRA 19