Arquivo / 49ª mostra

Cópia restaurada do clássico de Alfred Hitchcock. Pelas mãos da dupla Robert A. Harris e James C. Katz, o filme passou por uma restauração digital completa de seu negativo original, deteriorado por sucessivas copiagens e deficiente conservação nos arquivos da Paramount. A nova cópia, que reestreou no Film Forum de Nova York, não traz o mesmo desfecho. Originalmente, a história terminava com a imagem de uma persiana sendo fechada sobre o logotipo da Paramount, cortada de todas as cópias comercializadas pela Universal. Em um prédio no Greenwich Village (Nova York), um fotógrafo voyeur, Jeffries, observa a vida alheia e acaba por presenciar um assassinato. Ele está com o pé quebrado e passa seus dias e noites espiando seus vizinhos. As duas mulheres que o paparicam o chamam de "peeping-tom" (bisbilhoteiro) e "window-shopper" (olheiro de vitrines). O clímax de suas fantasias, que depois vão se transformar em pesadelo, é o assassinato de uma mulher inválida. Para o crítico francês André Bazin, o filme é uma metáfora da visão no cinema, já que o fotógrafo faz com sua namorada Lisa o que a platéia faz, simbolicamente, com os personagens na tela: quando surgem as adversidades, quem se apresenta é Lisa, e não Jeffries, mero espectador preso a uma cadeira de rodas.