Arquivo / 49ª mostra

No verão de 1909, Giovanni Piras, de 18 anos, deixou sua terra natal na Sardenha para fazer fortuna na Argentina. Assim que chegou, passou a trabalhar em uma fazenda. Suas cartas para a família, entretanto, tornaram-se menos freqüentes já a partir de 1912 até que, poucos anos depois, cessaram definitivamente. Mas notícias de Giovanni chegavam graças a imigrantes que retornavam: todos asseguravam que ele tinha ficado rico e estava com boa saúde, e que ele não mandara mais cartas, porque se alguém soubesse que era italiano, ele poderia ter, até mesmo perder seu emprego. A família não desistiu e continuou a procurar por ele, embora as notícias fossem sempre as mesmas e freqüentemente misteriosas. Até que num domingo, já na década de 50, um fidalgo mostrou à irmã de Giovanni, Caterina, uma fotografia na revista People. Assim que ela a viu, começou a chorar muito: no homem fotografado, reconheceu seu irmão. Mas esse homem fez o povo chamá-lo de Juan Domingo Perón, e era o presidente da Argentina. Por isso ele teria mudado seu nome. Há muitos defensores dessa tese, e há um grande número de coincidências que fazem essas duas figuras se sobreporem. Perón lançou várias frases breves e misteriosas sobre suas origens (ele mesmo declarava que não sabia exatamente nem onde, nem quando havia nascido). Na verdade, dizer que Perón era italiano ainda hoje faria dele um traidor à pátria, pois nenhum estrangeiro poderia se tornar presidente da Argentina.